Por Joelle Daniels | 29 de Outubro de 2025 Fonte: Gamingbolt

Menos de um mês após a Electronic Arts anunciar sua aquisição por um consórcio de investidores formado pelo PIF (fundo soberano da Arábia Saudita), Silver Lake e Affinity Partners, surgem relatos de que os funcionários estão sendo incentivados a usar inteligência artificial para “praticamente tudo”. Segundo o Business Insider, vários funcionários da EA falaram sobre isso sob condição de anonimato.

Vale ressaltar que a liderança da EA vem solicitando aos funcionários que utilizem IA há cerca de um ano, bem antes do anúncio da aquisição. A liderança pediu que os funcionários utilizassem IA para diversas funções, desde a geração de código durante a programação de um jogo até a criação de arte conceitual. Até mesmo os gerentes de nível médio foram solicitados a usar ferramentas de IA para obter orientações sobre como abordar seus subordinados em assuntos como promoções.

Para atingir esse objetivo, a empresa tem solicitado que os funcionários participem de diversos cursos de treinamento sobre IA, com temas que incluem como ferramentas baseadas em IA podem ser usadas para acelerar o trabalho e como a IA generativa pode ser usada como uma “parceira de ideias”, de acordo com documentos internos obtidos pelo Business Insider. Algumas das ferramentas supostamente disponíveis incluem um chatbot interno chamado ReefGPT. No entanto, os funcionários também relataram que essas ferramentas têm produzido “códigos com falhas e outras supostas alucinações” que exigem mais tempo para correção.

Um funcionário, que foi demitido no início deste ano e fazia parte da equipe de controle de qualidade da Respawn Entertainment, relatou que sua demissão se deu porque essas ferramentas de IA conseguiam analisar e resumir o feedback recebido dos jogadores de teste. Ele acredita que esse foi o motivo de sua demissão (assim como de cerca de outros 100 funcionários).

Logo após o anúncio da aquisição, começaram a surgir rumores de que a EA estaria buscando otimizar seu processo de desenvolvimento de jogos utilizando ferramentas baseadas em IA. Espera-se que essas ferramentas de IA preencham diversas etapas do fluxo de trabalho da empresa, o que poderia resultar em demissões.

Considerando o montante da dívida que a EA contraiu para financiar a aquisição, esse foco em funcionários que utilizam IA provavelmente decorre dos planos da empresa de reduzir ainda mais seu quadro de funcionários no futuro. Analistas também têm previsto que a empresa provavelmente começará a se concentrar em jogos que considera sucessos garantidos para assegurar maior receita. O analista da Kantan Games, Serkan Toto, acredita que isso levará a “um foco ainda maior em IPs perenes, jogos blockbuster (em menor número, porém potencialmente maiores) e serviços online – em detrimento de projetos mais arriscados, novas ideias e inovação”.

Joost Van Dreunen, professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York e pesquisador do setor, falou sobre a possibilidade da empresa investir ainda mais em suas franquias esportivas, que representam uma grande porcentagem de seus lucros. Ele também questionou a avaliação da EA como parte da aquisição de US$ 55 bilhões, observando que a empresa tem “pouco potencial de crescimento” para justificar esse valor.